domingo, 22 de março de 2015

Filhos: Inveja X Nostalgia

Meu ângulo "Mãe" está vulnerável...
No dia 13 de Março amanheci apreensiva porque levaria a mudança do meu filho para uma kit-net em outra cidade, devido à faculdade.
O coração apertado, dividindo espaço com o tal orgulho materno e o agradecimento a DEUS por mais uma dádiva, não entendia ainda como seria a nova etapa.
No entanto, meia hora depois de ter chegado lá e descarregado o pequeno caminhão, dentro de mim algo estranho começou a mudar. Passei a sentir... INVEJA!! Isso mesmo!! Senti inveja do meu próprio filho! Como assim?????
Vamos pensar: Quantos de nós, da geração que está na casa dos 40 em diante, teve certas oportunidades e facilidades?
Ah se na minha época tivesse essa história de ENEM e outros dispositivos! Fala sério!
Estudar em escola pública praticamente implicava em não ir muito longe:
Homens=fábricas e mulheres=cozinha, filhos, marido.
Meu filho ficará em kit-net sozinho! Terá a oportunidade de fazer o que quiser, na hora em que quiser e nem precisará trabalhar, porque nós o estaremos apoiando, dando-lhe este voto de confiança. Esperamos que ele saiba realmente o que deve fazer, como e quando fazer  e responsavelmente, afinal, foi orientado para isso.
Juro que senti vontade de estar no lugar dele! Poder acordar cedo e ir para a faculdade de bicicleta, passar a manhã estudando numa biblioteca ou laboratório de uma faculdade tão grande, tão bonita e, apesar de certas situações, conceituada, alimentar-se lá mesmo, conhecer pessoas de todos os cantos.
No entanto, quando comecei a pensar nas coisas que ele tem e eu não tive, junto vieram as recordações do que eu tive e ele não tem. Neste momento, passei a sentir uma espécie de pena dele... O que nos facilita a vida hoje, por outro lado, tira-nos muito dela infelizmente.
O meu filho, como outros de sua geração, tão lindo e inteligente, faz parte do grupo dos dependentes virtuais:
Não sabe o que é ficar na rua esperando a turma se reunir para conversar, zoar, rir e paquerar!
Não acha graça em curtir uma praia, nem uma caminhada no meio do mato... 
Esqueceu que existe uma bela imagem no céu à noite! Prefere o brilho de uma tela eletrônica qualquer, acesa...
Detesta andar a pé, mesmo que seja por uns 200 m!
Não vê a beleza que há nas coisas simples da vida...
Acha que só existe o que está dentro da NET... 
Sente-se melhor no mundo virtual do que no real... Não consegue um meio termo...
Minha apreensão agora, tem outro motivo: Como ficarão as gerações futuras? Será que terei netos? 
Num momento de "desesperança", talvez eu prefira nem tê-los...
Assim, hoje estou cinza...





Nenhum comentário:

Postar um comentário